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Salmos para Mães - Maternando com Gratidão


Eu vou direto ao ponto, e o que escreverei  nas próximas linhas é sério, muito sério. Não que o que eu tenha escrito nos artigos anteriores não o seja. Se você for como eu, gosta de ouvir palavras agradáveis e torce o nariz para a repreensão. Ninguém gosta de ser repreendido, não é mesmo? Entretanto, nós lemos a Bíblia justamente para que ela nos mostre a realidade do nosso coração pecador, e por meio dela encontramos graça. De Gênesis a Apocalipse, a Bíblia nos contará esta história: Criação, Queda, Redenção, Consumação. Quando nos atentamos para este fato, compreendemos melhor o plano e as ações de Deus na história. 


No Salmo que estudaremos hoje, é evidente a queda de um povo, e quão gracioso é o nosso Deus. Você já sabe como tudo funciona por aqui, não é mesmo? Por isso, baixe aqui seu presente e junte-se a mim na meditação do Salmo 78. 


Repreendida fui 


“Meu povo, escute a minha lei; dê ouvidos às palavras da minha boca.2 Abrirei os meus lábios para proferir parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos.3 O que ouvimos e aprendemos, o que os nossos pais nos contaram,4 não o encobriremos a seus filhos; contaremos à geração vindoura os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez.5 Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou aos nossos pais que os transmitissem a seus filhos,6 a fim de que a nova geração os conhecesse, e os filhos que ainda hão de nascer se levantassem e, por sua vez, os contassem aos seus descendentes;7 para que pusessem a sua confiança em Deus e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos;8 e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus.” Salmo 78. 1-8


Eu não sou fã dessa história de SuperMães e não gosto de ser considerada uma, exatamente por conhecer a limitação do meu coração. É fácil parecer uma mãe dedicada nas redes sociais da vida, mas só o Senhor conhece a luta de uma mãe cristã na batalha da carne contra o espírito. Nossa falta de paciência, murmurações, negligências das disciplinas espirituais, procrastinação, comparações e cobiças (ah se meu filho fosse como o da fulana, tão bonzinho!). Sem contar a falta de confiança na providência do Senhor.


A verdade é que, tanto eu quanto você, estamos longe de sermos perfeitas e, se você acompanha meus artigos, sabe que eu sempre bato nessa tecla, justamente para que possamos manter nossos pés firmes na rocha que é Cristo e não na areia da confiança em nós mesmas. E por não ser uma SuperMãe, tenho falhado. Entre doenças, correria, desânimo, as incontáveis extras de trabalho do marido, meus auxiliares na limpeza, mais conhecidos como: máquina de lavar, secar e aspirador de pó (quebrando). Quando me dou conta, a amargura chegou de mansinho, encontrando um lugar no coração e, de repente, já estou reclamando de tudo. A razão pela qual eu comecei esse artigo dizendo que o assunto é sério, é pelo simples fato de que um coração murmurador é evidência de um coração em rebelião contra Deus. 


Judas 14-16, lista em primeiro lugar os murmuradores como pessoas ímpias, a qual Deus irá julgar, e isso é muito sério. Ao percebermos um pinguinho só de murmuração em nossos pensamentos, é porque o alerta de retorno à santidade foi acionado instantaneamente pelo Espírito do Senhor. 


O Salmista, no Salmo 78, inicia o Salmo conclamando seus ouvintes a prestarem atenção no que seria ensinado. Spurgeon, ao comentar sobre isso, disse: “Quando Deus verbaliza a verdade e envia mensageiros treinados para declarar a Palavra com poder, é o mínimo que podemos fazer para dar-lhes ouvidos e obediência pronta do nosso coração. Deus fala e os seus filhos se recusam a ouvir? O seu ensino tem a força da Lei, demos a ela ouvidos e coração.” E o que Deus quer que nós não negligenciemos? Deus não quer que deixemos de ensinar aos nossos filhos o que Ele faz: “não o encobriremos a seus filhos; contaremos à geração vindoura os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez.” (verso 4). Porém, como podemos lembrar nossos filhos sobre algo que Deus fez, se estamos constantemente murmurando contra Deus? Nós nos esquecemos da sua bondade que graciosamente, Ele nos dispõe diariamente. 


Estamos frustradas pelos dias que se foram e não demos conta, e ansiosas pelo dia que nem chegou, mas nosso presente é recheado de decepções, murmúrios e lamentações. Corações agitados. E com a vida corrida, não paramos sequer um momento para meditarmos em sua Palavra. Não lemos a Bíblia, nós a ouvimos no 2x porque o “tempo urge” e tenho tanta coisa para fazer. Estamos limitando nossa vida a uma piscadinha de 2 segundos* em que toda mensagem precisa ser passada em um curto espaço de tempo, por que eu não posso perder o quê? Exatamente, o tempo! Então, amarguradas por não conseguirmos conter o tempo, nos tornamos cegas para a providência que Ele nos dá a cada dia. Porções de graça! (aliás, minha amiga Bruna escreve sobre isso, você pode acompanhar aqui).


Nós deveríamos recordar os feitos grandiosos que Deus realizou no meio do seu povo a todo instante para nossos filhos. Vejam, o salmista está nos encorajando a fazer precisamente isso: contem aos seus filhos o que Deus fez, para que eles também transmitam aos seus próprios filhos. Quando agimos assim, nós estamos dando o privilégio deles confiarem em Deus e obedecê-lo. Spurgeon, mais uma vez me surpreende com estas palavras a respeito desse Salmo: “A melhor educação é a educação ligada as coisas mais excelentes. A primeira lição que a criança deve aprender tem de estar relacionada ao Deus da sua mãe. Ensine a criança o que quiser, mas se ela não aprender o temor do Senhor, ela perecerá por falta de conhecimento. A gramática é alimento insípido para a alma, caso não esteja temperada com a graça. Toda mochila escolar tem de ter uma Bíblia.” 


Quão precioso é isso, mas também é um alerta para que não nos esqueçamos do que é mais importante ensinarmos aos nossos filhos. Negligenciar o tempo com Deus e o tempo em que os encorajamos e os ensinamos a temer a Deus, é a prova que temos de que estamos seguindo longe da dependência do Senhor e que as outras coisas assumiram a prioridade em nossas vidas e na vida de nossos filhos. Mas há porção de graça até mesmo quando nos esquecemos e nos afastamos do Senhor. Nós pertencemos a Ele e com amor gracioso Ele nos traz para perto novamente. Nós precisamos avaliar os nossos corações com sinceridade e nos perguntarmos: Estou seguindo para longe do Senhor com essa atitude? Eu creio realmente no Deus provedor? Creio que Ele dará o que é necessário para mim no dia de hoje? E se para alguma dessas perguntas encontrarmos respostas que revelem um coração incrédulo e descontente, sabemos bem que precisamos confessar tal pecado e em arrependimento clamar por seu perdão. 


Hebreus 4.16 nos diz: “Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça para ajuda em momento oportuno”.  


O pão nosso de cada dia, nos dá hoje


Os filhos de Efraim, embora armados com arcos, bateram em retirada no dia do combate.10 Não guardaram a aliança de Deus, não quiseram andar na sua lei; 11 esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes havia mostrado[...] 23Mesmo assim, deu ordens às nuvens e abriu as portas dos céus; 24 fez chover maná sobre eles, para alimentá-los, e lhes deu cereal do céu. Salmo 78.9-11;23-24


Nos últimos dias, eu tenho recorrido a Deus em oração pedindo para que Ele me ajude a não esquecer de quem Ele é e o que Ele faz e já fez. Trazer à memória aquilo que me dá Esperança (Lamentações 3.21). Mas que Ele, também, me ajude a viver com a porção de graça de cada dia. O Salmo 78, dos versos 12-29 vai nos contar sobre os feitos do Senhor por seu povo, como Ele proveu água, carne e pão para eles. Ainda assim, esse povo o rejeitava. Mesmo com tamanha ingratidão, o Deus Fiel não deixou de abençoá-los.


Jeremiah Burroughs, em seu livro “Aprendendo a estar contente”, disse: “é ótimo que os cristãos olhem para a sua situação de forma realística; todavia, eles não deveriam resmungar. Pelo contrário, estar conscientes dos fatos é estar ciente do quanto Deus é grande em Sua misericórdia para com eles. Se pensam mais sobre os seus problemas do que sobre as misericórdias de Deus, então eles têm uma visão distorcida dos fatos. 


Quando nos esquecemos das misericórdias do Senhor, esquecemos também de servi-lo e de adorá-Lo e, se nos esquecemos dos seus feitos quando tudo vai bem, quem dirá diante de circunstâncias difíceis. Se esta tem sido nossa conduta, como poderemos requerer de nossos filhos a gratidão? Se andamos diariamente ingratas e resmungonas, não podemos exigir muito de nossas crianças. Eles observam nossas condutas e percebem se estão de acordo com aquilo que ensinamos verbalmente para eles. Por isso, nós devemos nos dirigir ao trono da graça diariamente para recebermos nossa porção diária de graça, e ali, ajoelhadas e em gratidão diante da sua presença, lembrarmos do seu grande amor por nós quando entregou seu Filho em nosso favor. Jesus é nossa porção! Sejamos gratas por tamanho amor, e que possamos maternar em gratidão, não murmurando, mas glorificando e dependendo sempre da sua maravilhosa Graça diária. 


O Salmo 78 continua mostrando a queda e a redenção desse povo escolhido por Deus. O verso 56, mostra que mais uma vez o povo pôs Deus à prova, mesmo diante de tanta bondade vinda de Deus para com eles. O povo sofre as consequências de seus atos, e Deus mostra-lhes o seu favor ao escolher Davi, homem de coração íntegro, que apascentaria suas ovelhas.


Talvez, como o povo de Israel, estejamos falhando em nossa confiança em Deus, e tudo isso está refletindo em nosso maternar. Talvez estejamos colocando Deus à prova, negligenciando tempo com Ele, murmurando, cobiçando, deixando de ensinar para nossos filhos sobre os feitos maravilhosos do Senhor. Mas Deus mostra seu favor para conosco nos dando seu Filho, Cristo Jesus, como aquele que apascentaria suas ovelhas. E Ele, hoje, está nos conduzindo com sua vara e seu cajado, mas também nos preparando uma mesa com um banquete. Então, “venham à mesa do Senhor e sejam fartas, deleitem-se na sua maravilhosa Graça, Graça que Ele dispõe as suas filhas: O Pão nosso, Ele nos dá hoje! A mesa está posta, o banquete do Senhor é oferecido, desfrute, então, querida mãe, da misericórdia renovada hoje em sua vida.”  




Referências bibliográficas:

Bíblia NAA – Nova Almeida Atualizad.

Os Tesouros de Davi - Charles H. Spurgeon.

Aprendendo a estar contente – Jeremiah Burroughs.

*Em referência as trends das redes sociais.


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