“Não me sinto uma boa mãe!” – Você exclama. Sim, eu também não me sinto. E, ah! Como eu queria mudar algumas situações que já aconteceram comigo, mas ainda não construíram uma máquina do tempo para que eu possa voltar e corrigir meus atos falhos de mãe.
Sabe, as mães estão sempre aprendendo. Elas têm que aprender, pois possuem uma GRANDE responsabilidade. E isso pode ser assustador para algumas mulheres – especialmente para aquelas cujo único exemplo foi o da negligência emocional, um exemplo de uma mãe não envolvida, pouco afetuosa e indiferente. Estas, certamente estão começando do zero. E Deus sabe disso. Pode ser que Ele esteja incentivando você a ser uma mãe melhor. As mães amadurecem e crescem enquanto os filhos estão se desenvolvendo. Cada uma de nós têm seu próprio caminho. Estamos nesta estrada - a caminhada cristã – e não podemos andar sozinhas. Por isso, nós O invocamos.
João Calvino disse: “Certamente, descobrimos que todos os nossos temores são oriundos desta fonte, a saber, que nos sentimos demasiadamente ansiosos por nossa vida quando não reconhecemos que Deus é seu preservador. Não nos é possível termos tranquilidade, pois, enquanto não nos persuadirmos de que nossa vida é suficientemente guardada, porquanto é ela protegida pelo infinito poder de Deus.”
Nós estamos constantemente temerosas com nosso desempenho maternal, que nos esquecemos que não estamos sozinhas. Bem, aquelas que creram em Cristo como seu único e suficiente Salvador, não estão, de fato, sozinhas. A Bíblia nos diz que estamos ligados a videira verdadeira e que sem Cristo, nada podemos fazer. E maternar faz parte disso. Pois Deus nos deu esse privilégio, não para que pudéssemos exercê-lo sozinhas, mas certamente em sua dependência.
Por isso eu te convido a examinar, juntamente comigo, o Salmo 27, e aprender com Davi, porque “sua maravilhosa piedade se sobressai no fato de que não desejava viver com nenhum outro propósito, senão o de servir a Deus.” (Você pode baixar o recurso que preparei para você aqui.)
Onde está a sua confiança?
“O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?
Quando malfeitores me sobrevêm para me destruir, meus opressores e inimigos, eles é que tropeçam e caem. Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança.” (Salmos 27: 1-3)
“O Senhor é a minha luz e a minha salvação” – Em toda a minha caminhada cristã, muitos foram os momentos em que me encontrei na “hora mais amarga, mais escura da minha vida”, sem dúvida, todo cristão têm seus altos e baixos, suas montanhas e vales, suas tempestades e suas bonanças. E quando eu me tornei mãe pela 4 vez, fui tomada pela escuridão das dúvidas, do medo, e das angústias que tomaram minha mente. Mas foi nesse momento, também, que eu pude refletir sobre a doce amargura da maternidade, lembro-me de ter escrito que a maternidade é doce! E, não! Não era uma frase irônica. Na maternidade há dor, há silêncio, há choro, há noites mal dormidas, ela é amarga, porém é doce.
A maternidade é amarga quando você está cansada e precisa dar conta de muitas coisas. É amarga quando você precisa alimentar seu bebê, mas seu peito está com pequenas ou grandes fissuras, mesmo você tomando todos os cuidados possíveis para não ter rachaduras. É quando no corte da sua cesárea aparece um tal de seroma, que infecciona, e você precisa tomar antibióticos e fazer punção para eliminar o pus. É quando você passa mais noites acordada, mesmo que o bebê durma, porque você pensa que pode impedir que algo de errado aconteça, e é quando você não dorme porque seu bebê não dorme também e você já trocou, já deu de mamar, já fez de tudo e ele resolveu que não vai dormir, ou irá, mas só se for no seu colo. Amarga, quando você quer comer, mas o bebê acorda e quer se alimentar também.
É amarga no momento em que você tem outros dois filhos para dar atenção, mas não consegue. É amarga, quando infelizmente você se torna mãe de um bebê que não nasceu e que se foi antes mesmo de você poder beijá-lo e segurá-lo no colo.
A maternidade é doce, mas é amarga. E você deve estar se perguntando: E quando ela é doce? Quando você percebe que toda a força que você tem não vem de você, mas de Cristo. Ele suportou dores maiores que as minhas, morreu uma morte de cruz para me perdoar de todo o pecado, para que eu pudesse ter livre acesso ao Pai e poder buscá-lo nos momentos amargos da maternidade, para ser fortalecida nesse momento, para não sentir o silêncio na madrugada. Para suportar a dor, por um breve momento e simplesmente poder olhar para trás e ver como Ele nos carrega nos dias amargos de nossa vida.
Você vive um dia de cada vez na dependência d'Ele, mesmo que sua orações sejam apenas sussurros no banho: “Senhor! Ajude-me”. A maternidade é amarga, mas doce, porque Ele está cuidando de nós e é nesse momento que Ele molda nosso caráter conforme Cristo.
Você entende que na sua fraqueza pode ser forte, porque Ele te fortalece (2Co 12.10). E que sem Ele, nós não podemos fazer nada (Jo 15.5). É exatamente isso que Davi compreende, nestes três primeiros versos do Salmo: sua confiança está no Senhor, não importa as horas amargas de sua vida, não há o que temer! Essa confiança não vem de nós mesmas, não veio do próprio Davi, Deus é quem o supriu em suas angústias, por isso, certamente, ele se recordará das infinitas vezes em que o Senhor o socorreu, e provavelmente se muniu deste tríplice escudo: o Senhor é minha luz, minha salvação, e forte refúgio.
Deveríamos implorar a Deus para dar mais amor por nossos filhos, a sermos consistente na disciplina, alegres nas tarefas do lar, esperançosas em Suas promessas, gentis, misericordiosas, verdadeiras, sendo firmes com nossos filhos – sabendo que não podemos fazer isso sem Ele, mesmo diante das horas mais sombrias da maternidade, recordar que Ele é a luz, a Salvação, o forte refúgio. “Eu preciso de você a cada hora” um hino de Annie Hawks e Robert Lowry deveria estar gravado em nossos corações para cantarmos:
Preciso, ó Jesus, De Ti na dor, No júbilo também, De Ti, Senhor.
De Ti, Senhor, preciso, Sempre, toda hora; Me abençoa agora, Eu venho a Ti.
Comunhão com Deus em meio ao caos
Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo. Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu abrigo; no interior do seu tabernáculo, me acolherá; ele me porá no alto de uma rocha. Agora, será exaltada a minha cabeça acima dos inimigos que me cercam. No seu tabernáculo, oferecerei sacrifícios de júbilo; cantarei e salmodiarei ao Senhor.
(Salmo 27. 4-6)
Talvez diante das situações mais inusitadas da vida maternal, nosso maior anelo seja: ‘“Senhor, livra-me de tal situação.” Ou talvez a maternidade seja nossa desculpa predileta para dizer: “Estou sem tempo para as coisas de Deus.” A verdade é que o caos maternal nos faz agir de forma a estarmos sempre repelindo Deus de nossas vidas, ou buscando-O apenas por mera ajuda para o momento difícil que passamos. Davi nos ensina nesses versos onde estava o desejo do seu coração: a presença do Senhor. O seu alvo era contemplar a beleza do seu Criador. Talvez esperássemos que Davi desejasse repouso, livramento e vitória sobre seus inimigos, o que de fato o fez muitas vezes, mas nada disso daria plena satisfação, senão a presença do Senhor.
Em nosso maternar é fácil tirarmos os olhos daquilo que importa: nossa comunhão com Deus. Estamos sempre cansadas, e sim, Deus compreende que nossas labutas cansam. Porém, isso não deve ser desculpa para negligenciarmos o que mais importa: a busca pela presença do Senhor. Deveríamos anelar ardentemente a presença de Cristo, mesmo em meio ao caos. Buscá-lo até que pudéssemos ver a sua bondade nessa terra e enfim declarar:
“Quanta graça! Quanta graça!
Quanta graça dada a um coração tão pecador. Para um coração cheio de expectativas e frustrações. Para um coração cheio de culpa, medo, ansiedade.
Quanto amor! Quanto amor!
Ele demonstrou por mim, ao tomar o meu fardo pesado e me conceder seu jugo que é suave, e seu fardo que é leve.
Que Caminho! Que Caminho
Difícil de trilhar, mas que eu sei que não ando sozinha, sei que no seu colo pode me carregar.
Que alegria! Que alegria! Ser tua filha e aprender a amar, cuidar, carregar. Viver...viver!”
E quando enfim pudermos dizer isso, talvez troquemos a frase “Não me sinto uma boa mãe” por: “Ó Senhor, perdoe o que fui, corrija o que sou, direcione o que serei.”. (Thomas Brooks 1608-1680)
1)João Calvino, Salmos, ed. Franklin Ferreira, Tiago J. Santos Filho, e Francisco Wellington Ferreira, trans. Valter Graciano Martins, Primeira Edição., vol. 1, Série Comentários Bíblicos (São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2009–2012), 523.
2)João Calvino, Salmos, ed. Franklin Ferreira, Tiago J. Santos Filho, e Francisco Wellington Ferreira, trans. Valter Graciano Martins, Primeira Edição., vol. 1, Série Comentários Bíblicos (São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2009–2012), 522.
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