"Mas onde aumentou o pecado transbordou a graça." (Romanos 5.20)
Eu sei que você deve estar se perguntando por que eu comecei esse artigo de Salmos para mães com um texto lá de Romanos. Bem, eu diria para você que ele tem tudo a ver com o Salmos que iremos meditar, aliás, com o pano de fundo que permeia esse Salmo.
Certamente você tem acompanhado os artigos anteriores, onde temos caminhado por diversos Salmos e meditado neles. Quantos tesouros contidos ali, trouxeram alívio para as mamães cansadas e sobrecarregadas com o fardo da maternidade. Você percebeu que, nas diversas linhas, eu tentei retratar o Salmo como a doce melodia de uma maternidade redimida. E expus nossas fragilidades enquanto mamães, e para onde devemos correr quando somos tomadas pela culpa. Talvez sua culpa nesse exato momento seja não ter lido os outros artigos, e se essa sentença é verdadeira, antes que você seja punida, sugiro que os leia imediatamente sob a pena de: Você está deixando de ser abençoada! Não me faça contar até três! (Só as mamães entenderão).
Fiz uma pequena pesquisa entre as mamães do meu Instagram. Perguntei a elas pelo que elas se sentiam culpadas na maternidade. Foram muitas as respostas, mas na sua grande maioria, muitas lamentavam a falta de tempo de qualidade com os filhos. Sim! Todas elas, inclusive eu, estão segurando o seu atestado de culpa. Não sei o peso que isso causa em seus corações, talvez, algumas sintam em maior intensidade, e outras, vejam o tempo escorrendo como areia de suas mãos, de tal forma que não haja mais nada que possa ser feito. CULPADAS.
Lentamente, caminhamos pelo corredor do tribunal e esperamos pelo julgamento. O juiz - Ora, mas quem é o juiz? – de fato não importa, somos culpadas, e essa culpa que carregamos será punida com o rigor da LEI. Temos um advogado que possa nos defender?
Porque se sujar faz bem (ou não)
Brincar na terra, pular em poças de água após a chuva, rolar na grama, cavar a areia, aprender a cozinhar... Qual criança não ama se sujar? Uma marca muito conhecida por todas nós até usou o slogan: “Porque se sujar faz bem!”. E, realmente, para o desenvolvimento bem-sucedido de toda criança, explorar o mundo afora, traz como consequência a bagunça e a sujeira. Mas há uma sujeira que não pode ser tolerada: o PECADO. Porque sua consequência é grave. Por isso gostaria que você se atentasse a isso: há culpas e culpas. Culpas que levam a morte e culpas que levam a vida. Tudo depende de como você lida com elas.
Nós não podemos agir como as crianças quando o assunto é pecado. Porque sujar-se com o pecado não nos fará bem nenhum, pelo contrário, a culpa por cometermos o que é pecado tira toda a alegria da nossa Salvação. Pense nessa culpa como “culpa real” – consequência do nosso pecado, das nossas negligências por não observarmos a Palavra de Deus e vivermos de acordo com ela. Mas podemos ter sentimentos de culpa em que não há nenhum fundamento concreto de culpa, a raiz não é o pecado. Pense nessa culpa como “culpa imaginária”.
Bem, mas como entender tudo isso? Eu te convido a observar a Palavra de Deus no livro de Salmos, capítulo 51, e como de costume, pare sua leitura por aqui e leia este Salmo por completo. Este Salmo, escrito por Davi, se deu após ele ter sua consciência despertada pela mensagem divina trazida pelo profeta Natã, ocasião em que ele foi duramente repreendido pelo pecado cometido, o qual ele achava que havia sido encoberto, contudo não aos olhos do Senhor.
Davi havia cometido adultério com Bate-Seba, e como a criança que rola na poça lamacenta da chuva, vestida de branco, Davi não somente cometeu adultério, mas também um homicídio, pensando assim em encobrir seu erro! Eis aqui o retrato da culpa real. Davi tinha manchas de rebeldia, transgrediu a Lei do Senhor. Era, agora, um homem com sangue nas mãos e maculado por seu pecado. Quando nos damos conta de quão culpadas somos, devemos imediatamente recorrer à misericórdia de Deus. Davi sabia bem o Deus a quem ele servia, sabia de sua misericórdia, por isso ele inicia seu canto: “Tem misericórdia de mim, ó Deus [...]”. (Salmos 51.1)
Para Davi, Deus não era apenas misericordioso, mas abundante em misericórdia e compaixão. Ele transborda em misericórdia para pecadores arrependidos. Deus é gracioso, por isso, quando pecamos e somos chamadas pela Palavra ao arrependimento, podemos olhar para Cristo na cruz e ver nele toda punição pelos nossos pecados. Spurgeon disse: A única restauração para uma consciência culpada é a visão de Jesus sofrendo na cruz. Temos muitos pecados? Certamente. Mas para o Senhor Jesus, que se fez maldição por nós, carregando nossos pecados e sofrendo a morte de cruz, é prazeroso dar-nos a remissão dos nossos pecados, porque onde aumentou o pecado, transbordou a graça.
Manchas são marcas difíceis de serem removidas e dependendo de como são feitas, são praticamente impossíveis de serem tiradas. Está aqui uma mãe que já perdeu muitas peças de roupas que nem mesmo o produto do slogan “Se sujar faz bem” conseguiu remover. Uma mãe verdadeiramente cristã não suporta o peso da sua culpa por suas transgressões, ela roga como o Salmista: “Apaga as manchas da minha rebeldia!” (Salmo 51.1).
Nos primeiros 12 versículos deste Salmo, Davi confessa sua culpa e anela por perdão. No verso 10, ele então clama: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito firme.” Não há como ser impelido a orar assim sem ser movido por uma manifestação real e verdadeira do Espírito Santo. Assim o foi, consciente do seu pecado, Davi em arrependimento suplica pela ajuda do seu Deus.
Quais são suas culpas reais? Você já as depositou aos pés de Cristo? Nele estamos livres de qualquer punição, bem como de qualquer culpa, n’Ele o poder do pecado sobre nós também é removido, n’Ele temos a alegria da nossa salvação restituída e um coração disposto a obedecer. Nele! Somente, n’Ele!
Culpas de mãe - Culpas imaginárias
O Justo Juiz já deu o veredicto: Eu as absolvi. Vocês são inocentes. Suas culpas reais foram pagas. Não há mais condenação para vocês que estão em Cristo Jesus. (Romanos 8.1)
Então tiramos nossa listinha do bolso e começamos a recitá-las mentalmente: “Passei o dia no trabalho, mal tenho tempo com meus filhos”; “A casa está uma bagunça! Se eu não tivesse sentado para brincar com a bebê!” “A casa está tão limpinha, mas desprezei um tempo com as crianças”; “Não alimentei as crianças direito, agora elas estão doentes por minha culpa”; “Queria dormir um pouco mais”, “Por que eu saí sem as crianças? Eu deveria ter trazido eles”; “Puxa! Eu deveria ter o estimulado a ler mais”.
A lista de culpas imaginárias que carregamos é imensa. Essas culpas não devem ser nossas inimigas, pelo contrário, elas devem nos incentivar a melhorar. Como se fosse uma balança nos ajudando a equilibrar as coisas. O que posso melhorar? Então eu farei. Preciso do trabalho, então o tempo que eu terei com meus filhos será um tempo de qualidade de tal forma que eles nem percebam minha ausência. Farei a comida mais saudável possível, mas tudo bem se aquele dia estiver corrido, não serei uma mãe má pelo miojo no almoço e pizza no jantar. A louça suja todo dia, tudo bem se eu tiver que lavar depois só para poder ficar no chão da sala penteando bonecas, tomando chá imaginário ou jogando xadrez, ou até mesmo sendo bombeira. Saí sim, e está tudo bem, ninguém se feriu na ausência da mamãe.
Uma querida amiga me disse: falsos sentimentos de culpa são usados pelo acusador para nos fazer sofrer e nos distanciar de Deus. Por isso é tão importante atentar se nossas culpas imaginárias não estão tirando o nosso foco das culpas reais.
Fomos feitas para glorificar a Deus em tudo que fazemos. Se você é uma mãe pela graça, nascida e redimida pelo sangue de Cristo, as culpas imaginárias são suas aliadas para aprimorar sua maternidade.
Culpas reais devem ser tratadas com atenção, sendo direcionadas ao Pai, para restauração em sua abundante compaixão. Culpas imaginárias devem despertar em nós o desejo pela mudança, e a virtude da perseverança, onde nosso maior desejo é glorificar a Deus com toda a nossa vida.
Comments