Salmos para Mães – As Boas Novas na Maternidade

Estou absolutamente convencida de que, se quero que meu maternar seja leve e esteja caminhando para o alvo certo, eu não posso fazer isso à parte de Cristo. Ele mesmo disse: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Deixar Cristo de lado nessa equação toda é pedir para que o resultado seja completamente errado. Aliás, eu tenho falado aqui sobre uma maternidade redimida, que produz uma doce melodia, que deve ser ouvida e cantada para a Glória de Cristo.

Você já deve ter ouvido falar que a música está relacionada com a matemática e, é verdade. Tal como a música trabalha matematicamente, nossa maternidade deve ser trabalhada sobre os alicerces firmes da rocha que é Cristo.

Colocando as coisas no seu devido lugar – Hora de organizar, mamãe!

Quem nunca errou um cálculo porque trocou os sinais, atire a primeira pedra. E quem nunca entrou no tom errado da música, também. Eu sei, é frustrante. Em nossa maternidade, estamos constantemente trocando os sinais ou errando o tom. Desespero, medo, angústias e inseguranças começam a aparecer. Ou o orgulho. Não importa! A culpa e a vergonha sempre estarão ali. É preciso começar de novo ou fazer uma pausa, descansar e encontrar o erro. Mas não somente isso, é necessário ir à Pessoa certa onde encontramos perdão e graça.

Por aqui eu sempre me deparo tentando resolver as coisas do meu jeito, sem depender muito de nada e nem ninguém. É o jeito fácil de ocupar as minhas mãos e me ver em desespero logo em seguida.

Descansar aos pés de Jesus parece uma tarefa difícil. Mas ela não é impossível. Esta série de artigos em Salmos é justamente para ajudá-la a encontrar o caminho de volta e a colocar as coisas no seu devido lugar. E eu estou junto nessa jornada, porque a minha casa, chamada coração, precisa ser colocada em ordem todos os dias.

Que tal começarmos meditando no Salmo que eu escolhi para aprendermos sobre ele hoje? Faça uma pausa, pega uma xícara de café, ou chá, abra sua bíblia em Salmos 24 e com muita reverência leia-o com muita atenção. (Sugiro que você faça a leitura do Salmo 22 e 23 também).

Salmo 24 – O Canto da Ascensão

Muitos de nossos problemas seriam minimizados se pregássemos o Evangelho verdadeiro para nós mesmas. Eu sei que criar filhos é cansativo e desafiador, nós lidamos com os pecados deles e com os nossos a todo instante. Carregamos culpas e não sabemos onde depositá-las. Jesus diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei...aprendei de mim, porque sou manso e humilde.” (Mateus 11.28) Mas então fazemos o caminho inverso. Vamos até os especialistas da internet que sabem lidar melhor com a disciplina de nossos filhos e ouvimos eles dizerem que estamos tomando o caminho errado porque não sabemos lidar com o temperamentos dos nossos filhos, porque talvez ele seja fleumático, colérico, ou melancólico ou certamente sanguíneo demais. Aliás você se enquadra em qual temperamento? O meu, pecadora, muito pecadora! Mas para aliviá-la da culpa, por que não comprar o curso do iluminado especialista? Ou, que tal você ser lembrada mais uma vez das Boas Novas do Evangelho?

Nosso Salmo para meditarmos é o 24, mas se você leu o 22 deve ter percebido que ele é um Salmo Messiânico, ou seja, ele prediz acontecimentos da vida do Messias, que o povo judeu esperava e que, no caso, se cumpriu em Jesus. Ao lê-lo podemos facilmente relacioná-lo ao evento da crucificação de Cristo – O Salmo da Cruz: Deus meu, Deus meu! Por que me desamparaste? (Salmos 22.1 – Veja também Mateus 27.46 e Marcos 15.34).

O Salmo 23 nos fala de um pastor que cuida de sua ovelha até mesmo no vale da sombra e da morte, e ela não teria medo, pois saberia que ele estaria com ela, porque ele já passou por esse vale, e com ele, ela estaria segura. (Voltarei em breve com uma meditação mais profunda deste Salmo).

Então chegamos em nosso Salmo, um Salmo também de Davi. E como Spurgeon disse sobre estes três Salmos: uma operação do Espírito sobre a mente doce do cantor de Israel, que o capacitou a tocar a corda lamentosa no Salmo 22, a despejar gentis notas de paz no Salmo 23 e pronunciar tons majestosos e triunfais no Salmo 24. Quando o Senhor nos fortalece, podemos fazer ou cantar todas as coisas.1

1 Spurgeon, Charles H. Os Tesouros de Davi – Volume I (Rio de Janeiro: CPAD, 2017), 484

Do Senhor é a terra – nossa maternidade também

O dicionário define vocação como disposição natural e espontânea que orienta uma pessoa no sentido de uma atividade, uma função ou profissão. Ou como ato ou efeito de chamar. É claro que existem mães que têm uma disposição natural e espontânea que nasce com elas. Ela sabe que nasceu para isso e conduz naturalmente as coisas. Mas acredito que há muitas mães que foram chamadas e muitas vezes em meio ao caos de suas vidas. Mas antes de sermos chamadas para a maternidade, o Senhor nos chamou para uma nova vida com ele. Pode ser que você tenha sido chamada pela graça para o reino da maravilhosa Luz de Cristo, já sendo mãe. Eu não faço ideia de quando as Boas Novas do Evangelho chegaram até você, o que eu sei é que Ele transforma vidas caídas e mortas em uma nova vida. Sei também que nosso inimigo, Satanás, tenta constantemente roubar a alegria da nossa Salvação em Cristo. E uma das maneiras mais usadas por ele é desviar os seus olhos do que realmente importa para que aos poucos você se esqueça de quem é e a quem pertence.

O verso 1 do capítulo 24 nos lembra que do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem. Há algo que sempre traz alívio para o meu maternar: saber que tudo pertence a Cristo. Meu chamado pertence à Ele, minha vida pertence à Ele, meus filhos pertencem à Ele. Nada disso pode requerer honra, pois a honra só é devida a Ele. Se alguma dessas coisas toma o lugar do meu Senhor, isso se tornou um ídolo em meu coração. E, céus! Como meu coração é uma fábrica de ídolos! Calvino estava certo, quando nos alertou à esse fato. Em um pequeno descuido posso estar tendo a maternidade como meu próprio ídolo. Mas não deve ser assim. É para esse Deus, que criou todas as coisas, que sustenta todas as coisas pelo seu poder, que eu devo olhar. Tudo é dele, por meio dele e para ele (Romanos 11.36). Nele nós vivemos, nos movemos e existimos (Atos 17.28). À parte dele, não temos vida, não produzimos bons frutos, não temos alegria, somente o caos!

Normalmente nós reconhecemos nossas culpas, e algumas vezes, até carregamos culpas demais. Mas não podemos ficar imóveis, sem saber o que fazer com elas, chorar e lamentar sem a ação correta não resolve nada. O que devemos fazer é ir até esse Deus poderoso, Criador de todas as coisas, que sustenta todas as coisas, e depositar nossas culpas aos seus pés. Pois foi exatamente para isso que Ele se tornou homem, para carregar toda a nossa culpa no madeiro, sofrer o castigo da morte, aceitando receber a ira de Deus Pai, que era contra nós, e por amor a nós Ele se entregou naquela cruz, lugar que era nosso. Então, toda condenação que era contra nós, foi pregada naquela cruz. Por isso somos livres da culpa. Isso é Graça, mamães! E se você é mãe pela Graça, você não precisa viver na culpa, pois aquele que está em Cristo é nova criatura e nada pode preencher sua atenção, senão esse amor, esse Cristo, essa graça e esperança. Portanto, não deixe que nada ocupe seu coração, pois ele pertence a Cristo. Corra para o Evangelho quando o caos chegar na sua maternidade, direcione essa vocação pra Cristo. São por meios singulares que Deus realiza seus propósitos divinos, e a maternidade é a forma mais singela e carinhosa que Deus usa para nos moldar no caráter de Cristo. Tudo é uma oportunidade na maternidade, para apontar para a graça e redenção em Cristo.

O verso 2 nos diz que a terra foi fundada sobre os mares. Já parou pra pensar que a maioria dos continentes estão cercados por muitas águas? E, por que elas não invadem de uma vez levando ao fim toda a terra? Deus mesmo pergunta a Jó: onde a terra estaria firmando suas bases? (Jó 38.6). Deus firmou a terra sobre os mares, mas o fez de tal modo, que as águas a submergirem, não viriam acontecer. Isso para que compreendamos que sem sua permissão nada acontece. Contudo, por que nos desesperamos? Por que somos dominadas pelo medo? Por que paralisamos diante das dificuldades? Ou por que nos orgulhamos? Simplesmente porque desconhecemos a soberania desse Deus.

Mãos limpas, coração puro

Quem poderá subir ao monte do Senhor, quem poderá entrar no seu Santo lugar? É bem provável que o contexto histórico desse Salmo seja a ocasião em que a Arca da Aliança foi levada para Jerusalém (Veja 2 Samuel 6.12-19). Naquela ocasião, Davi e todo o povo de Israel alegraram-se perante o Senhor com música, instrumentos de cordas, e provavelmente esse Salmo seria o coro entoado. A Arca simbolizava para o povo a presença de Deus. Mas quem poderia estar diante da sua presença senão aqueles de mãos limpas e coração puro?

Nossa maternidade começa a ser um peso para nós, quando sujamos nossas mãos (e eu não estou falando do serviço sujo das trocas de fraldas) mas quando abandonamos a graça e nos aventuramos a idolatrar e seguir coisas que não são boas para nós. Nos tornamos impuras, incrédulas, amargas e raivosas. O pecado cria raízes e suga todas as nossas forças, perdemos o vigor, a alegria. Porém, aquelas que buscam o Deus de Jacó, obterão do Senhor as bênçãos e a justiça da sua salvação.

Alguém garantiu mãos limpas e corações puros para nós

Quer que seu chamado na maternidade seja leve e caminhe para o alvo correto: a Glória de Cristo? Entenda que aqueles que buscam comunhão com Deus sempre terão obstáculos. Muitas vezes você orará e parecerá que as portas celestiais estão fechadas e nada acontece. Você pensa: minhas mãos estão sujas e meu coração é tão impuro! Ah, querida mamãe temerosa! Um certo pregador chamado Spurgeon, se referindo aos versos 7 e 8 do capítulo 24, colocou toda essa descrição da seguinte maneira:

“ Ao som da voz de um homem, todos os habitantes celestiais se reuniram e, então anjos se aproximaram do muro, e eles olharam por sobre ele e perguntaram: Quem é este? Quem é o Rei da Glória? Qual homem ousaria colocar as mãos nesta porta? Nenhum homem jamais chegou até este portão. Quem é você? Então, Jesus respondeu: O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso nas batalhas. Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória. E pela primeira vez na história da humanidade, os portais se abrem a Um Homem e Ele entra na Glória e todos os anjos se curvam diante dele . Ele entra na glória, não pela graça, mas por suas próprias virtudes e méritos.” 2

2 Citado por Paul Washer em https://youtu.be/HWOe1ETPLt8

Ninguém pode entrar naquela sala do trono, não a menos que tenhamos mãos limpas e coração puro. Mas Jesus entrou. Ele não esperou na porta, ele sabia quem ele era e que era seu direito entrar. Quando em sua morte ele diz está consumado, ele sepultou nossos pecados, nossas culpas. Ele ressuscitou em Glória e majestosamente, como Rei de Glória que ele é, assentou à destra do Pai e com mãos limpas e coração puro. Sabe o que tudo isso significa? Por nós mesmas não podemos ter mãos limpas e coração puro, mas Cristo tem e pela obra redentora dele podemos ser purificadas de toda e qualquer sujeira do pecado e por causa disso, chegarmos na presença do Pai, por meio da Graça de Cristo.

Querida e mui amada mamãe, a maternidade não pode te redimir nem te condenar. Mas em Cristo você encontra a redenção. Mas numa vida sem Cristo e cheia de prazer no pecado você encontra condenação. Se você pegar toda a sua culpa e correr até a cruz de Cristo, achará descanso para sua alma. O Rei da Glória não negará a justiça da sua salvação. Eu estarei aqui, orando por você, mamãe.