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Writer's pictureKeila Valentin Vasconcelos

Salmos para mães – Aleluia! O louvor de um coração redimido




Querida mamãe, nossa jornada para entoarmos juntas o coro da maternidade redimida começa agora e você está: Na pressão! Não! Definitivamente, não! Você não está na pressão e este não é mais um texto para sobrecarregá-la ao ponto de te fazer pensar que és uma mãe ruim e que não é aquelas mamães Instagramers com filhos perfeitos, que têm a receita perfeita da família perfeita, do marido perfeito... De tudo tão perfeito que o problema realmente é você, pois não consegue dar conta de nada. Cada palavra que escrevo aqui tem um único objetivo: Te apontar para quem, de fato, é perfeito – Cristo! Minha melodia sem dissonância. E se você ainda não leu o meu texto introdutório, volte duas casas para compreender melhor o porquê do meu convite para entoarmos juntas o coro da maternidade redimida.


Comece pelo final


Certa vez, quando eu era pequena, entrei na sala de casa e meu irmão estava assistindo a um filme. Já estava quase no final, quando ele me diz: Eu sei o que vai acontecer. – E narrou toda a história para mim. Eu estava atônita, com os olhos arregalados quando me deparei com a cena que ele acabara de narrar para mim acontecendo exatamente como ele me falou. Como ele fez isso? Descobri um tempo depois que era porque o filme começou pela cena narrada por ele e que aquela já era a parte final, ou seja, o filme começou pelo final. E é isso que vamos fazer aqui, começar pelo final. Os capítulos 146-150 de Salmos é o nosso final. Mas por que vamos começar pelo final? Para que você se anime com o enredo do filme todo. E um bom filme, tem sempre uma boa trilha sonora. Confesso que, enquanto escrevo esse texto, uma boa música me acompanha (eu não estou falando do barulho das crianças. Não neste momento). Voltando ao nosso final extraordinário do Livro de Salmos, faço a você mamãe apenas um pedido: leia-os por completo.

Se possível, faça uma pausa aqui para lê-los. É importante.


Agora que você já os leu, tenho certeza que percebeu como o imperativo "louve" apareceu dezenas de vezes nestes Salmos. 31 vezes, para ser mais específica. Louve, cante louvores, alegre-se, exalte. Mas louvar a quem? Isso mesmo, o Senhor. Percebam que os textos não dizem louvem a mamãe que faz as melhores refeições, que troca fralda com uma mão só e com a outra corta a unha do dedão do pé do filho maior. Louve a mamãe que arruma a casa, trabalha fora, que é pai e mãe ao mesmo tempo, que consegue manter a disciplina dos filhos sem levantar a voz. Os textos também não dizem louvem a mamãe que já criou 5 filhos e todos estão super bem, na faculdade, casados e nunca deram trabalho algum. Estes Salmos são claros, quem merece todo o louvor é o Senhor. Embora seja louvável o trabalho de uma mãe e todo seu esforço para manter seu lar harmonioso e eu não queira desmotivá-la a continuar fazendo tudo com excelência, é muito importante você parar agora e refletir para onde você está direcionando seu louvor. Você precisa direcionar para a pessoa certa, a saber, Cristo. Digo isso porque muito das nossas frustrações nascem de um coração desejoso por reconhecimento pelo bom trabalho que fazemos e, então, sem querer ou não, começamos a exaltar a nós mesmas pelo bom trabalho que fazemos, esquecendo que só somos mães pela graça. E quando não recebemos o elogio que nos cabe e sentimos falta de sermos reconhecidas fazemos o que sabemos fazer de melhor: murmurar. Uma vez iniciada a murmuração em nossa vida, tudo piora prejudicando nossos relacionamentos e abrindo a porta de entrada para muitos outros sentimentos ruins, como a inveja, por exemplo. É por isso que nosso louvor deve ser direcionado à Pessoa correta: o Senhor!


ALELUIA! Eu o louvo porque Ele é fiel


A minha terceira gravidez foi um tanto quanto complicada. Eu já havia sofrido um aborto em minha primeira gravidez. Graças a Deus a segunda me trouxe um filho muito amado. Mas na gravidez do meu filho Benjamim, as coisas não foram como esperadas. Com um hematoma subcoriônico, ou seja, um acúmulo de sangue entre o saco gestacional e a parede uterina, me levaram a ficar de repouso absoluto da 12° semana de gestação até praticamente a 24° semana. Sem poder levantar-me da cama – e como eu amo o bom humor do Senhor, estudando esses textos me deparei com o Salmo 147.16: Faz cair a neve como lã. - Lá estava o Senhor, fazendo nevar no Brasil. E a graça nisso tudo está nisto: Ele sabia que eu amaria ver neve e de desfrutar desse fenômeno raro, mas ele me pôs de cama e fez a neve cair porque Ele detém todo o poder em suas mãos e o mesmo Deus que fez aquela neve cair era o mesmo Deus que cuidava de um bebê dentro de mim e não importava o que eu pudesse fazer – me privando de tudo – era Ele quem decidiria soprar o fôlego de vida no Benjamim. Era Ele quem poderia me fazer passar pela dor de perder um outro filho ou tê-lo seguro em meus braços. Era Ele e não eu. Como não o louvar? Eu o vi sendo fiel. Benjamim veio ao mundo firme, forte e saudável. Bom, saudável até pegar um resfriado 25 dias depois nascer. Quando completou 28 dias ela mal respirava o que nos levou ao hospital que ficava a 88 km de onde nós morávamos. De lá saímos sem nosso Bem nos braços com uma direta afirmação do médico de plantão: Seu filho pode morrer, vamos deixá-lo na UTI. Ele está com bronquiolite.


Arrasada de dor, fui para a casa da minha mãe, chorei muito porque não aguentaria perder outro filho. Eu não consegui compreender naquela época, mas o que o médico disse me trouxe um pouco de esperança, porque a outra opção seria: ele pode sobreviver. E foi como o Senhor o fez, ele soprou novamente o fôlego de vida no Ben. O Salmo 146.6 nos diz: que mantém a sua fidelidade para sempre. Nos versos seguintes diz que o Senhor defende a causa dos oprimidos, alimenta os famintos, liberta os presos, dá vista aos cegos, levanta os abatidos, ama os justos, protege o estrangeiro, cuida das viúvas e dos órfãos. Ele deve ser louvado porque Ele é fiel. Se naquele dia eu perdesse o Bem, a verdade seria essa: Ele continuaria sendo fiel, pois Ele não muda. Minhas circunstâncias mudam, mas Ele, Ele não! Ele é imutável.


Como bem disse Jen Wilkin: “A rocha da nossa Salvação permanece. Os brilhos e sombras da circunstância humana podem revelar certos contornos de seu caráter num dia e outros no dia seguinte, mas seu caráter permanece fixo. Seus planos permanecem estáveis. Suas promessas permanecem firmes. Em um mundo que está em constante mudança, ele é o ponto de referência imutável sobre o qual os olhos espirituais se fixam para determinar o caminho que leva para casa.”

(1 Wilkin, Jen. Imcomparável – 10 maneiras em que Deus é diferente de nós (e porque isso é bom). São José dos Campos, SP: Fiel, 2017. Pág 100).


Benjamim é um menino de 9 anos muito barulhento, eu diria o mais barulhento da casa, por aqui geralmente a minha trilha sonora é ele cantando e cantando louvando ao Senhor.


ALELUIA! Eu o louvo porque Ele é grande

É muito difícil determinarmos o contexto em que os Salmos foram escritos. Mas o Salmo 147 parece ser um Salmo do período Pós-Exílico2 . O pecado do povo de Israel os levou para um período de muitos sofrimentos. Houve guerras, mortes, deportações, fome, doenças, fim da dinastia de Davi, do templo e de Jerusalém. Parte do antigo reino de Judá foi levado cativo para a Babilônia e outros ficaram numa terra arrasada. O Exílio foi um divisor de águas para Israel, a história, religião e a teologia passaram por diversas mudanças. Agora sua identidade estava perdida: o Estado, o Rei, a terra, o templo, a cidade santa. Mas foi nessa terrível experiência que eles puderam compreender quem Deus é e o que Ele faz. Foi a oportunidade da mudança de rumo e de conceitos tal como compreender que Deus não estava apenas em Jerusalém, no templo. Agora eles podiam compreender a grandeza de Deus. Nossos problemas muitas vezes nos fazem pensar que Deus está longe. Mas Ele não está. Por isso podemos louvá-lo. Ele sustenta todas as coisas, e Ele também é misericordioso. Foi no Exílio que o povo de Israel pôde se arrepender de seus pecados e se achegar a Deus e agora num período pós exílico poderiam louvá-lo por sua Grandeza.


As vezes podemos nos enganar, achando que somos SuperMães, e sermos expostas pelos desafios do dia a dia, restando-nos apenas lamber nossas feridas, derrotadas pelo fracasso do dia e vencidas pelo desânimo perder nossa maior alegria. Eu não conheço a sua realidade e não posso mensurar as suas lutas. Porém, parto do pressuposto que sejas uma mãe cristã e que sua identidade está em Cristo. O exílio chega para todas nós e muitas vezes devastando a nossa vida, algumas vezes causados por nossos próprios pecados, outras sendo apenas uma provação. Em todo caso sempre virá para te apontar para quem realmente é grande e que Ele deve ser louvado por isso. Se foi causado por algum pecado, então que ele seja a fonte do seu arrependimento e perdão. Se é apenas uma provação então que seja uma oportunidade de mudança de olhar e, como o Salmista que olhou ao seu redor e viu tantos motivos para louvá-lo, que assim você possa fazer também, pois ele se agrada dos que o esperam na sua misericórdia. (Salmos 147.11)


ALELUIA! Eu o louvo porque Ele me deu o fôlego de vida


Se você é mãe e nunca se sentiu sufocada em algum momento na sua maternidade, talvez você tenha descoberto o mapa do tesouro e não sabe. Eu, particularmente, desconheço uma mãe que nunca se sentiu sobrecarregada a ponto de ter o choro engasgado na garganta podendo surtar a qualquer momento. No meu caso, as lágrimas se vão pelo ralo, enquanto tomo um banho quentinho e converso com Deus, as vezes não falo nada e só choro mesmo, sabendo que Ele está me ouvindo. Mas sabe o porquê de tudo isso? Porque não é fácil lidarmos com pecadores todos os dias. E todas nós somos pecadoras, nossos filhos são pecadores, todos que estão a nossa volta são pecadores. E porque o pecado está em tudo nesse mundo até que Jesus volte, estaremos diante do dele 2 Período que se deu após o povo de Israel voltar do exílio na Babilônia. diariamente. O desafio é enfrentá-lo da maneira correta. E é somente pelo poder da Palavra que podemos vencê-lo. O Salmo 149.4 diz: de Salvação adorna os humildes. O pecado não tem poder sobre nós porque pertencemos a Cristo e n’Ele recebemos a redenção. Crendo nessa promessa podemos lutar contra o pecado, nossos e dos nossos filhos, não sendo levianas com o pecado deles, mas exercendo amor e misericórdia, pois eles são pecadores como nós.


Não será uma tarefa fácil. E você irá falhar muitas vezes, até mesmo quando você estiver querendo acertar e serão nessas horas que você se sentirá sufocada. Eu sei que em momentos assim trazer à memória as promessas de Deus é difícil e mais difícil ainda é lembrarmos de verdades que naquele momento parecem muito distantes, contudo, esforce-se para lembrar que foi Ele quem nos deu o fôlego de vida. Então, respire. Respire fundo, porque essa é a melhor sensação que alguém pode ter: sentir o ar entrando por suas narinas. Não consegue? Então tente ouvir o pulsar do seu coração, cada batida é o ritmo da graça, uma melodia da bondade do Senhor para com a sua vida. Sim! Você está respirando e essa é a sensação de estar vivo. Não! É muito mais que uma sensação: Você está viva. E por estar respirando e estar viva, o Salmista te conclama: Louve ao Senhor! Aleluia! Aliás o termo Aleluia significa exatamente isso: Louvado seja o Senhor. E cada Salmo, desses quatro últimos Salmos, iniciaram e terminaram com Aleluia- Louvado seja o Senhor (espero que você tenha notado isso na sua leitura).


Louvado seja o Senhor porque Ele é fiel, porque Ele é grande, porque Ele nos deu o fôlego de vida. Querida mamãe, há mais motivos para louvar este Deus Vivo, do que viver sufocada pelos problemas da vida, e mudar a maneira como você olha para isso muda tudo.


Você está respirando, então Louve ao Senhor.

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