Certo dia, precisava lavar o nariz do meu filho – que tinha 4 anos na época - e falhei nas tentativas de convencê-lo a colaborar. No fim do longo processo, já muito impaciente, lavei contra a sua vontade. Bastante irritado, meu caçula me surpreendeu com um sonoro "EU NÃO TE AMO".
Após o impacto inicial, venci a mudez e soltei algo como “Tomás, acho que você deve pensar sobre o que falou comigo”. Confesso que eu é que fiquei de birra. Comecei a caminhar pela casa “resolvendo” mil coisas enquanto minha cabeça tentava processar mil vozes. Meu marido percebeu e me deu um toque sobre minha indiferença ao nosso filho. Chamei o pequeno para conversar. Reconheci que errei e disse que não gostaria de agir assim novamente. E completei: “Sabia que mesmo que você me magoe ou diga que não me ama, eu vou continuar te amando? Família é assim.”
Só isso. Ele não disse nada. Nos abraçamos e fomos pegar nossas coisas a fim de sairmos para um compromisso. Peguei um pão às pressas para ir comendo. À porta, o menino me olha e pede o pão que eu havia mordido apenas uma vez. Olhei para o pão, para o Tomás e para o meu marido. Embora não imediatamente, entreguei o pão e ele saiu comemorando e repetindo para o irmão até chegar no elevador: "Ganhei um pão com sabor de coração! Olha Davi, meu pão tem sabor de coração!"
Eu só via um simples pedaço de pão francês com queijo, já mordido! Então questionei: “Como assim seu pão tem sabor de coração?”
“Ah, ele tem sabor de coração porque EU TE AMO!”
Ainda bem que perguntei!
Graças a Deus que me trouxe à memória Sua “Regra de Ouro” dos relacionamentos:
Qual de vocês, se seu filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem! Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam.
Mateus 7:9-12
Se tivesse dado lugar ao pensamento de que ele não merecia aquele pão, eu não exerceria e não daria exemplo de compaixão. Muitas vezes, a reação das pessoas é um reflexo da forma como são tratadas. Nossas atitudes e palavras são sementes lançadas no jardim que é a nossa casa! Se semeamos indiferença, cobrança, falta de perdão e agressividade, não podemos esperar colher algo diferente disso. O que você irá colher a partir do que tem semeado?
Reflita se há algo que precisa ser ajustado em sua família: a comunicação que segue arrastada, uma rotina ou uma divisão de tarefas que não está funcionando bem... Ao invés de focar nos erros dos outros, comece tirando a trave do seu próprio olho. Atente-se à regra de ouro ao agir e falar apenas como gostaria que os outros fizessem com você.
Que nossos filhos recebam muito alimento com “sabor de coração”, acompanhados de boas conversas e risadas, e até mesmo de pedidos sinceros de perdão! Certamente toda a família colherá os melhores frutos!
Que texto liiiiiiiiiiindo!!!
Sigo admirada com sua forma de se comunicar! Parabéns e obrigada pelo texto!