O amor dos pais pode ser percebido pelos filhos pelo clima de amor construído por eles em seu lar, numa convivência amorosa em que é prazeroso fazer coisas juntos, brincar, gargalhar, perguntar, responder, conversar, ouvir os acontecimentos do dia e acolher os sentimentos. Para que os filhos possam perceber o acolhimento pela via do amor é necessário que os pais o demonstrem por meio de expressões de carinho, gestos e palavras.
Muitas vezes o cansaço e a responsabilidade do lar e do trabalho conspiram contra essa possibilidade. Mas, pais que conseguem entender a importância da construção da convivência amorosa e do investimento de tempo na vida de seus filhos, dificilmente se arrependerão mais adiante.
Apesar das inúmeras tarefas que os adultos têm com trabalho, cuidados da casa, voluntariados etc., quem for pai ou mãe deverá se conscientizar de que os filhos precisam de sua presença, companhia e envolvimento. Nenhuma palavra bonita ou um presente poderá compensar a falta de tempo dos pais. Quem é pai ou mãe não pode mais “tocar a vida” como se não tivesse filhos. É preciso organizar a vida e a agenda incluindo tempo para os filhos. Muitas vezes pais e mães zelosos trabalham muito, entendendo que é extremamente importante conseguir recursos para prover conforto para seus filhos. Fazem verdadeiros sacrifícios para dar a seus filhos toda comodidade possível, boas roupas, calçados, comidas, lazeres, viagens, entretenimentos, brinquedos e escolas sofisticadas.
Nesse frenesi mergulham, tanto pais como filhos, em apelos consumistas, que contribuem para uma sensação de desconforto diante da impossibilidade de satisfação. Parece que quanto mais se tem, mais se precisa ter. Diante das tentações de obter cada vez mais perante tantas ofertas, os pais vão se tornando reféns de sacrifícios que solapam seu tempo e energias, sobrando muito pouco para a interação com os filhos, gerando tensões e conflitos. É preciso inverter esse padrão.
Às vezes é necessário abrir mão de algum luxo e levar a sério o envolvimento presencial com a família. Como já dizia o sábio Salomão “Melhor é um pedaço de pão seco com paz e tranquilidade do que uma casa onde há banquetes e muitas brigas”. (Provérbios 17.1) É importante contentar-se com menos para ter mais tempo para interagir com a família e experimentar um maior sentido na vida.
A vontade de amar os filhos pode gerar criatividades para as quais não se precisa gastar muito dinheiro. O importante é manter o foco na relação. As pessoas devem ter um lugar prioritário em relação às coisas. As posses não podem dar garantias de estabilidade psíquica. A confiança e segurança, sentidas internamente, são construídas e nutridas pelo amor e pelo sentido de pertencimento.
A tarefa de amar não pode ser adiada, quando se trata da educação dos filhos. O tempo ideal para amar é agora, não importa qual a idade em que o filho esteja. Se for um bebê, hoje é o tempo para segurar, embalar, sorrir, retribuir com ternura aquele olhar meigo e terno que busca certificar-se o quanto pode confiar. Se já cresceu um pouquinho e está cheio de curiosidades interpelando seus pais com infindáveis perguntas sobre o que percebe à sua volta, este é o tempo ideal para amar. Acolher amando, dando atenção, apoio e paciência, estimulando e ajudando gradativamente a celebrar os sucessos, mas também a enfrentar, por vezes, as experiências de frustração. Também é tempo de amar se o filho for um adolescente e estiver enfrentando os novos formatos e responsabilidades diante dos desafios da vida, equilibrando a retirada da dependência infantil com a independência, que vai se apresentando como necessária para poder adentrar logo mais na vida adulta. Se já tiver “voado do ninho”, também é tempo para amar, respeitando e dando-lhe créditos na administração de suas escolhas e posturas em sua vida adulta.
Os pais que acolhem seus filhos com amor constroem um sentido de pertencimento incondicional que promove maior confiança e segurança, para poderem dar melhores passos na sequência da vida.
(Trecho do livro "Eduque Seu Filho - Nisso Há Esperança").
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