Eu comecei a trabalhar cedo. Sempre com o objetivo de ter o “meu” dinheiro e não ser “peso” para os meus pais. Logo, encontrei uma carreira que me dava não somente o sustento, mas também muita alegria, pois eu amava exercê-la.
Eu tinha 28 anos quando me casei, e já havia conquistado uma certa independência financeira. Meu marido, com 30 anos, também já havia conquistado essa mesma independência. Nosso casamento trouxe uma mudança de cidade para mim, e o abandono do emprego que eu tanto amava.
De repente, passei a ser “sustentada” pelo marido. Logo eu, que gostava tanto de ter o “meu” dinheiro e não ser “peso” para ninguém. Passaram-se alguns meses até eu conseguir um emprego na nova cidade. Foi neste tempo, que comecei a aprender sobre o “nosso” dentro do casamento.
Pela graça de Deus, meu marido tinha esse entendimento muito claro, e jamais tratou o seu salário como algo que era dele e que por bondade estendia a mim.
Ao nos tornarmos marido e mulher, nos tornamos uma só carne, e com isso, passamos a ter uma só conta. O que é dele passou a ser meu, e o que é meu, passou a ser dele; legado que nossos pais (tanto os dele, quanto os meus) nos deixaram tão claro pelo exemplo que nos deram ao longo da vida. Quão precioso foi aprender a viver o “nosso” e não mais o “meu”.
Quando estávamos com quase 2 anos de casados, decidimos nos mudar para a minha cidade natal (isso fazia parte dos planos desde o começo do namoro, mas é uma história para outro artigo). Eu rapidamente consegui voltar para o emprego que tinha antes.
Nos primeiros meses, foi meu marido que ficou em casa enquanto eu saía para trabalhar. Mais uma fase de reforçar o rico aprendizado de que somos um!
Neste tempo, ele procurou emprego todos os dias, limpou a casa, cozinhou e organizou o nosso lar da mesma forma que eu fazia quando morávamos na cidade natal dele.
Orávamos muito para que ele encontrasse um emprego e depois de árduos meses de procura e espera, ele foi contratado. Pude então diminuir um pouco a minha carga de trabalho remunerado, mas continuamos a dividir absolutamente tudo – finanças e tarefas.
À medida que os filhos foram sendo acrescentados à nossa família (hoje temos 3), muitos ajustes financeiros foram sendo feitos.
Passamos por diversas fases. Houve a fase em que os dois trabalhavam fora; fase em que parei de trabalhar para me dedicar exclusivamente ao lar; fase de empreender como casal; fase de fechar a empresa, e pela fé, aprender a viver novamente com apenas uma renda – mesmo grávida do terceiro filho –, e tantas outras micro fases ao longo desses anos.
Muito se fala a respeito do padrão correto para que um lar seja sustentado. Teorias lindas são apresentadas e regras são listadas. Mas o real e o ideal, nem sempre andam juntos e na prática, neste mundo caído, circunstâncias peculiares se apresentam às nossas vidas fazendo com que a nossa percepção do que é sustento e de como ele se dá, precisem ser renovadas.
Pessoas adoecem, empregos são perdidos, mulheres se tornam viúvas, rendas são diminuídas, gastos são compulsoriamente aumentados por conta de circunstâncias que fogem do nosso controle, famílias se mudam, empresas quebram, economias inflam...mas a família continua lá, precisando do sustento.
Da mesma forma que as circunstâncias de cada família são peculiares, o sustento de cada lar também pode vir de formas únicas.
É muito importante aprendermos que um lar não se sustenta apenas com provisão financeira. Existem provisões que não vêm em forma de dinheiro.
Quando meu marido estava desempregado, ele continuou contribuindo para o sustento do nosso lar com seu serviço diário em casa, sua incessante busca por emprego, e seu entendimento de que tudo é nosso.
Uma casa se sustenta sim com dinheiro, não podemos negar essa realidade, mas ela também é sustentada com tempo, dedicação, serviço, adoração, perdão, e com intenção de permanecer e crescer juntos! Por mais que as fases mudem, o sustento de um lar (onde há um casal), é feito por no mínimo duas pessoas, e se for um lar cristão, isso significa três – afinal, formamos um cordão de três dobras.
No fim das contas, se o sustento do nosso lar não for Jesus, nem eu e nem o meu marido damos conta de prover. Nosso provedor é Cristo! É Ele quem dá, e é Ele quem pode tirar. Resta a nós, nos rendermos ao Seu senhorio e caminharmos em submissão ao que Ele deseja para cada um de nós.
Como é bom construir nosso lar, de mãos dadas, sobre a Rocha.
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