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Writer's pictureMirelli Turrossi

Nasce Mais Uma Mãe Pela Graça


Confesso nunca ter feito “a oração de Ana” suplicando a Deus por um filho. Ser mãe não me foi ansiado como u milagre do tipo "Deus abra meu ventre", em especial nesses últimos anos.


Calma, me explico: ainda criança imaginava que estaria casada aos vinte e poucos anos e com três filhos, frequentando a igreja aos domingos. Mas a vida não segue nossas vontades e vislumbres e, assim, quando me casei, aos meus trinta e três anos com um missionário, havia tanta gratidão em meu coração, que ter filhos ou não, tornou-se uma espera pela vontade de Deus, não mais uma falta.


Aprouve ao Senhor nos dar um filho. Hoje, aos meus trinta e oito anos de idade, estou em pleno puerpério, com um lindo bebê em meus braços. E que ambivalente é este lugar de mãe! Quanto maravilhamento e amor podem se fundir com sentimentos de total incapacidade e angústia. Porque é assim: cada novo amor, é também uma nova angústia. E isso não é lugar de fala do puerpério e seus assombros, é coisa da maternidade e suas mazelas mesmo.


Eu já visionava essa névoa maternal, sabia que a maternidade é um palco cheio de espaço para que temores, anseios, culpas e pecados dancem juntos, ao som da sinfonia contínua de incapacidade, e nesses poucos dias como mãe, já presenciei em mim espetáculos pavorosos dessa trupe.


Quantas possibilidades já passaram por minha mente; quanto medo já me subiu a espinha nos choros e grunhidos do meu filho na madrugada; quantas lágrimas derramei em um único dia, me sentindo totalmente incapaz de estar nesse lugar de mãe. Quanta incredulidade se faz presente, permeando meus melindres, apesar dos meus longos anos de cristianismo.


Nasceu meu filho e, com ele, nasceu mais uma mãe pela graça. Meu filho não é um merecimento meu, ele não veio suprir minhas demandas, ele é meu mais novo afeto e amor, mas ele foi me dado como uma missão, e que grande e longa missão!


Novamente, não é sobre mim ou sobre ele acima de tudo, mas sobre como eu e ele glorificaremos a Deus nessa relação, afinal, é para isso que estamos aqui.


A graça nos é apresentada na Bíblia, como o que possibilita que sejamos capazes de ter, ser e fazer o que não teríamos, seriamos ou faríamos de outra forma. A graça nos possibilita salvação e o processo contínuo de santificação de nossa vida; ela nos permite fazer coisas que estão além de nossas capacidades, a fim de que a Glória de Deus seja manifestada em meio a nossa finitude. Graça é uma das certezas que o evangelho nos apresenta: ela nunca finda, nunca falha. A Graça é um imenso oceano, no qual só é possível respirar, se afogando.


Ser mãe pela graça é olhar esse oceano, e entender que se a maternidade é para a vida toda, o Deus que nos capacita com sua graça é de eternidade a eternidade.


Por aqui os espetáculos não param nesse palco da maternidade. Certamente voltarei as poltronas para assisti-los inúmeras vezes, mas de ato em ato, a cortina se fecha, lembrando que tudo isso é passageiro e efêmero. Nenhuma angústia, medo, culpa ou pecado são autores da história, tudo isso se limita a ocupar nosso palco particular, na tentativa de nos entorpecer, de nos tirar o foco do nosso papel.


O Grande Autor da Vida, porém, continua soberano, e a palavra final sempre será dEle. E a palavra final no diz que A Graça de Deus nos basta, e que é justamente em nossa fraqueza que somos aperfeiçoadas. Sou mais uma mãe pela Graça, e só por ela. Ainda bem!


“Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte. (2 Coríntios 12:9,10)

1 opmerking


Ana Gandour
Ana Gandour
23 feb. 2023

lindo demais

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