Parei para ler algumas crônicas antigas, e vi o tanto de coisa vivida; foram tantos aprendizados, tantas experiências adquiridas, que me fizeram romper a linha do medo e tornar público em meu perfil do Instagram, lá atrás, no comecinho, quando eu só tinha a Angélica (minha filha mais velha). Me lembrei então que, dia desses, eu conversava com uma amiga sobre os amadurecimentos que a maternidade em si nos faz percorrer.
Hoje, sendo mãe de dois e gestando o terceiro, reflito no quanto eu mudei de lá pra cá. Eu dizia a essa amiga, que via a Angélica como “privilegiada,” por ter tido uma mãe só para ela. Mas na verdade, ela foi o meu ingresso na arte de ser mãe. Eu errei tanto! E claro, continuo errando, porém, tendo um coração mais humilde, aceitando e entendendo que nenhum filho é igual ao outro, e que, na idealização da perfeição, da construção do ideal, ficamos desorientadas. Perdidas. Vestimos a camisa da comparação e nem percebemos.
Quando se é mãe de um, inevitavelmente nos tornamos leoas e defendemos com unhas e dentes nossas escolhas pessoais e empurramos goela abaixo nos outros, principalmente em outras mães, digamos que aquelas mais maduras, que quando falam alguma coisa, vemos como uma afronta. Existem casos e casos, é verdade, mas pare para pensar um pouquinho, isso é muito real.
Quando as escamas são removidas, através do viés da graça, o olhar muda. Aquilo que era uma baita arrogância pulsando ego inflamado, cai por terra. Abraçamos nossas vulnerabilidades e dependência de Cristo, sabendo que não importa o quanto leiamos, estudemos, ou quantos cursos fizermos sobre educação de filhos, nada disso supera as Escrituras e um relacionamento verdadeiro com Deus.
Ser uma mãe pela graça, me faz ter empatia por outra mãe. Sabe aquele olhar misericordioso? – é assim que Cristo no vê: com misericórdia. Nesse ápice, entendemos que o poder de julgamento só cabe a Deus, e querer encaixar todas as mamães numa caixinha feita ao nosso modo, é andar em círculos, rumo ao fracasso com o coração mergulhado na soberba.
Meus filhos ainda são pequenos, a bagagem que carrego é uma pequena mala de mão, ainda há muito o que aprender para que a bagagem da experiência se torne completa daqui à alguns anos. E eu sigo pedindo ao Senhor que tenha misericórdia dessa pobre mãe, que não se deixe levar pelo seu coração enganoso.
“Respira, e não pira!”
Digo a mim mesma.
No ato de respirar, nos encontramos com o Deus Criador, sabendo que esse fôlego de vida vem dEle. Ele conhece cada partícula de quem somos, por mais que queiramos esconder, muitas vezes, de nós mesmas, Ele sempre soube. Ninguém consegue surpreendê-lO, ninguém O pega de surpresa. Antes de tudo existir, antes do mundo ser mundo, Ele já existia.
Antes de sermos mães, Ele já sabia que tipo de mãe nós seríamos. Ajustemos o foco, não nos apeguemos ao tipo de mãe que temos sido, e sim, no tipo de mãe que Ele quer que nós sejamos. Com certeza, ser uma mãe guiada pelas doces misericórdias do Senhor, é bem melhor do que seguir parâmetros editados de um “maternar instagramável”, onde a régua de medida gera desconfortos horríveis e dolorosos.
Abracemos nossos particularidades e vivamos de verdade. Deus fez-nos únicas, com todos os nossos erros e acertos, e principalmente, totalmente dependentes dEle.
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