Meu nome é Jamine e fui adotada com 41 dias de vida na cidade de Itajaí – SC. Meus pais sempre contaram que tinham esse desejo no coração: o de adotar. Eles já tinham meus irmãos, Jeison e Jeise, e mesmo assim o desejo de adotar ainda estava em seus corações. Foi quando eles souberem da minha existência através de uma querida irmã da igreja e foram até Itajaí para me conhecer. Meu pai conta que os quatro entraram no carro e foram ao meu encontro e que chegando lá se apaixonaram por mim. Naquele mesmo dia meu pai sentiu o imenso desejo de me levar para casa. Ele conta que até “brigou” com o juíz para que pudesse me levar. E não é que deu certo? Eles conseguiram me levar para a casa. (outros tempos, rsrsrs) E naquele mesmo dia, já saíram atrás de fraldas, roupinhas e outras coisas. Minha mãe me conta que olhou todos os detalhes que pertenciam a mim e as minhas características físicas.
COMO DESCOBRI QUE FUI ADOTADA
Confesso que não me lembro de uma data específica em que descobri que fui adotada. Isso sempre foi dito pelos meus pais com muita naturalidade. Eles gostavam de ilustrar a chegada de cada um dos filhos de um jeito: o Jeison chegou por parto normal, a Jeise por cesárea, e eu a filha que nasceu do coração.
Talvez de um modo inconsciente fui percebendo que era “diferente” através das perguntas indesejadas das pessoas como: "ela é sua irmã mesmo?" , ou “Nossa, uma filha morena?” , ou também: “ filha de outro casamento?” Enfim, escutei esses comentários a vida toda. Aquilo que era natural para a nossa família não era tido como natural para os outros. E eu ainda tive a “sorte” de viver minha infância em uma cidade de alemães, Blumenau, onde minha cor de pele se destacava em meio aos meus irmãos, amigos e colegas. Então os comentários se estendiam na escola, no mercado, no restaurante, na esquina, ou em qualquer lugar em que meus pais me chamassem de filha. Hoje, como adulta percebo que os meus pais foram assertivos, pois sempre reafirmavam o amor deles por mim para quem quer que fosse. E ensinaram os meus irmãos a serem a assim comigo também, o que contribuiu muito para a formação da minha identidade.
OS PROGENITORES
À medida que fui crescendo, em especial na minha adolescência, as perguntas foram surgindo. Às vezes me sentia em uma novela, como se estivessem me contando uma mentira. Coisas que pairam na nossa cabeça, afinal, fui adotada muito nova e é normal que essas dúvidas possam surgir. O importante é que meus pais sempre trataram minhas questões com muita naturalidade, por mais que por dentro eles poderiam estar pensando: “Nossa, ela perguntou isso mesmo?!”. Eles passaram sempre para mim muita confiança e naturalidade. As minhas perguntas nunca os ofenderam.
Eu lembro que quando eu era adolescente, mais perto dos 15 anos, eu tive uma leve crise por não me parecer com ninguém da minha familia. Acho que já estava cansada das perguntas alheias e de tentarem jogar na minha cara que não era parecida com ninguém em características físicas. Naquele dia eu chorava no colo da minha mãe, e ela simplesmente me abraçava e dizia que me entendia e reafirmava o amor dela por mim.
Eu não sei muita coisa sobre os progenitores, porque eu fui abandonada no hospital pela minha progenitora. Por favor, não vamos chamá-la de mãe, porque mãe eu só tenho uma, e ela se chama Clarice. E quanto ao progenitor sei muito menos, só sei daquilo que o juiz contou aos meus pais.
Logo após eu ter me casado, eu senti uma imensa curiosidade de conhecer a cara deles, principalmente dela. Fui incentivada pelo meu marido a sanar essa curiosidade. Ele fez buscas pela internet, e embora não tenhamos certeza, acreditamos tê-la encontrado. Eu apenas a olhei, não fui atrás para conhecê-la, e tive um misto de sentimentos: pena e gratidão.
EM AMOR NOS PREDESTINOU PARA SERMOS ADOTADOS COMO FILHOS.
Anteriormente eu disse que surgiram dois sentimentos dentro de mim ao ver a foto da minha progenitora. O maior deles com certeza foi o de gratidão, pois se ela não tivesse me entregue a adoção, eu provavelmente não teria conhecido Jesus, meu único e grande salvador.
Jesus foi tão bondoso e tão amoroso comigo que me deu uma família que me levou ao conhecimento da verdade. Não tenho dúvida de que minha história foi escrita por Ele. À medida que fui crescendo Deus, foi trabalhando muitas coisas em meu coração e perdoar minha progenitora foi uma delas. Liberar um novo olhar sobre a minha vida também.
Eu entendi que a adoção é como Deus faz com todos nós. Todos nós fomos adotados por Ele para sermos chamados seus filhos. Outro versículo que me acompanhou em meio à dúvidas e questionamentos foi: “Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse dele, contudo eu não me esquecerei de ti.” Isaías 49:15
Veja que verdade linda que Deus traz para todas nós: Ele não se esquece de nós! Uma mãe pode abandonar um filho, mas Deus não! Ele se faz presente! E é essa certeza e verdade que eu carrego comigo todos os dias.
Minha história não é pesada, não é triste, e não é de filme. É uma história comum, de uma família comum que optou fazer crescer por meio da adoção. De pais que seguiram os direcionamentos de Deus e decidiram fazer o resgate de uma menina há 30 anos lá em Itajaí – SC.
Sabemos que a adoção não é para todo mundo e este resgate também não. Mas cada um de nós foi chamado para se importar com aquilo que importa para Deus. O que você tem feito?
Puxa Jamine que história linda! Jesus nas vidas e o amor d'Ele fluindo trouxeram vocês até aqui neste lindo testemunho! Fiquei emocionado e admirando ainda mais nossos amigos Claudio e Clarice! Profundamente grato por teu compartilhar!! Com certeza trará encorajamento a muitos!!
Meu Deus, minha doce Já! Que texto primoroso! Amo sua linda e doce história. Deus a escreveu, e de tal forma, a imprimiu em meu coração e em minha vida como um dos mais lindos poemas de amor. Amo você tanto que nem sei.