Mesmo antes de me tornar mãe, sempre me peguei pensando como seria a junção do papel de mãe e o trabalho fora de casa.
Cresci em um lar onde - diferente da maioria das minhas amigas - minha mãe trabalhava fora. E mesmo que fosse diferente da realidade ao meu redor, isso sempre me fez admirá-la. Conforme fui crescendo, meu ideal de mulher era ser como ela, que aos meus olhos, dava "conta de tudo", e ainda era a minha mãe, a mais perfeita que poderia existir.
Ao passar dos anos, consegui me formar e atuar na área que escolhi. Me senti realizada ao completar essa batalha, e me tornar um pouco mais parecida com a mulher que sempre idealizei. No entanto, nessa época, eu não era convertida e não tinha o olhar sobre a maternidade segundo o que a bíblia nos ensina.
O tempo passou, e eu comecei a descobrir que "dar conta de tudo'' estava se tornando cada vez mais difícil. Casei, e com o casamento mais atribuições vieram: cuidar da casa, do meu esposo, compromissos na igreja, e tantos outros papeis que ocupamos como mulher dentro da sociedade. Mas continuei com o ideal da mulher que trabalha fora e cuida da sua casa. Tive que equilibrar muitos pratinhos, mas me parecia estar tudo indo bem.
Então os anos se passaram, e chegou o momento tão esperado: a maternidade!
Sonhei por anos com esse momento, imaginei tantas coisas, convivi com diversas mulheres dentro e fora da igreja, com as quais me identificava e buscava seguir os exemplos. Durante a gestação me "preparei" de diversas formas, busquei variados tipos de informações e pedi a Deus que me capacitasse para ser a melhor mãe que eu pudesse ser para o meu filho.
Eis que a realidade bate à minha porta, meu filho nasce e eu descubro que a maternidade é ÚNICA, e que todos os exemplos que eu tinha seguido até então, nenhum deles se encaixava perfeitamente com o meu jeito de maternar. Afinal de contas, o MEU jeito é apenas meu, não tem como ser copiado de outra pessoa. Nesse momento o desespero bateu, me senti perdida e não sabia para onde correr.
Os dias pareciam não ter fim ali sozinha com meu bebê no colo, quase que 24 horas por dia. Foi então que entendi: Deus é quem iria me ensinar do zero como ser mãe. Eu poderia ter referências, mulheres as quais admirasse, mas a verdadeira maternidade é aquela que construímos no dia a dia, tijolinho por tijolinho, erro por erro, dia após dia (intermináveis dias por sinal). Ao quebrar esse ciclo de comparações, eu pude me redescobrir, diariamente, e até hoje, a cada dia me descubro diferente como mãe.
Quando penso que estava adaptada a minha nova fase, chega o tão temido dia de voltar ao trabalho. Ao mesmo tempo em que eu torcia para que esse dia chegasse, e eu pudesse me enxergar em outro papel que não fosse o de "mãe", meu coração estava despedaçado por ter que deixar meu filho tantas horas longe de mim.
E hoje, quase dois anos depois de deixar ele pela primeira vez longe de mim, o sentimento de estar fazendo a escolha errada permanece aqui em alguns dias. Mas ao mesmo tempo, sinto Deus tão perto, me mostrando que no momento certo, se for da Sua vontade, Ele irá me pedir para me dedicar integralmente ao cuidado da minha família, e eu saberei que será a hora de pausar a vida profissional.
Enquanto esse momento não chega, Deus me mostra pequenos detalhes que posso melhorar, pequenos gestos que posso ter, para ser a mulher e mãe sábia que edifica o lar, mesmo trabalhando fora.
Aos poucos, Deus tem me direcionado a entender que a minha maternidade talvez não seja igual a de uma mãe que está integralmente dedicada ao lar, mas que assim como sempre admirei o trabalho da minha mãe, dentro e fora de casa, esse trabalho também teve suas falhas e isso faz parte da nossa maternidade em um mundo caído.
Deus me ensina a meditar na sua palavra e entender que a maternidade perfeita não existe, podemos ter vários manuais ou perfis da internet que nos "ensinem" a melhor maneira de maternar, mas a maternidade perfeita só existirá na eternidade. Aqui e hoje ela não existe, pois somos mães pecadoras e necessitadas da graça de Deus, o único perfeito.
Então, mamães pela graça, busquemos o melhor maternar que pudermos, dentro da NOSSA realidade, mesmo que essa não seja a mesma da nossa amiga ou mãe.
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