A história que vou contar revela que muitas vezes Deus age de uma maneira incompreensível para nós e nos dá a fé, confiança e força para acreditar na sua boa, perfeita e agradável vontade.
A segunda gravidez, para mim, e acredito que para muitas mães, foi mais tranquila do que a primeira. Apesar de ter iniciado a gravidez com o peso nada ideal e os enjôos aparecerem com tudo novamente, sabia o que esperar e me preparei com mais leveza para tudo que sabia que viria.
Acho que todas as mães lembram com muito carinho e saudade dos primeiros ultrassons, onde ouvimos o coração e, principalmente, quando ouvimos que está tudo dentro da “normalidade”. Foi no segundo exame de ultrassom da Isabela que passei por um momento tenso. O exame durou uma hora (bem diferente dos habituais 20 minutos) e durante todo o procedimento percebia que as médicas tentavam encontrar algo, mas não conseguiam. “As médicas”, pois a primeira, muito atenciosa, precisava de uma segunda opinião. E a suspeita de ambas foi: Isabela tinha apenas o rim esquerdo. Mas elas dedicaram tempo e carinho explicando que poderia ser erro das imagens e que só poderíamos ter certeza após o nascimento, através de um ultrassom realizado diretamente na bebê. Um agravante da tensão era que precisava realizar os exames sozinha, pois em meio a pandemia não era permitida entrada de acompanhante. Danilo estava no estacionamento. A gravidez na pandemia, por si só, daria um artigo à parte!
A paz que excede o entendimento
Minha obstetra pediu exames mais sofisticados só para confirmar que estava tudo bem com os outros órgãos da Isa. As guias médicas possuíam uma palavra para explicar a necessidade do exame: “malformação”. Nem preciso dizer que esta é uma das palavras mais assustadoras para os pais durante a gestação. Mas o fato é que, inexplicavelmente, não ficamos desesperados e nem angustiados com essa situação. Inexplicavelmente é uma forma de falar... pois sabemos muito bem Quem é o provedor da paz que excede todo o entendimento (Filipenses 4:7). Esperamos pacientemente os dias dos exames e ficamos completamente gratos a Deus pelos resultados estarem ótimos. Porém, sobre o rim, novamente o diagnóstico era de que ele se encontrava numa região pélvica, era atrofiado e com cistos. E o medo que o único rim também fosse multicístico? O diagnóstico vinha sempre seguido de um “pode ser erro de imagem, necessário confirmar no nascimento”.
Confirmação do diagnóstico e da fidelidade de Deus
Isabela nasceu no dia 15/11/2020. Linda, saudável, com quase 4 quilos. No segundo dia de vida aqui fora, o diagnóstico se confirmou: rim direito em região pélvica, atrofiado e com cistos. Precisaria de uma consulta imediata com nefrologista e alguns pontos de atenção sobre o funcionamento do organismo nos primeiros dias. Foi com o resultado deste exame em mãos que fiquei abalada, pois o rim “bom” estava aumentado e eu não sabia o que aquilo queria dizer.
Danilo levou a Isabela na Dra Raquel, nefrologista pediatra conceituada em Curitiba. Eu não podia pelo fato de estar me recuperando da cesárea e devendo evitar o risco de contrair Covid-19. Participei por vídeo-chamada e a médica nos aliviou a alma, relatando o quão normal poderia ser a vida da Isabela com apenas um rim útil e que aquele aumento no rim seria para compensar o outro que não se desenvolveu. Entretanto, precisaríamos fazer exames para confirmar se o rim esquerdo era da fato saudável e se o direito tinha algum tipo de funcionamento. Ela já nos adiantou que conforme fosse, haveria necessidade de cirurgia para remoção. Mais uma vez fui tomada pela preocupação. Pedimos muito a Deus para que estivesse tudo bem e que tudo ocorresse conforme sua vontade e amor. Foram feitos mais exames que nem sabíamos que existiam. Fiquei chateada em ver minha bebê tão pequenas amarrada em máquinas, tomando contraste, mas sabia que era necessário para um diagnóstico certeiro.
Mensagem direta e específica
Acontece que antes mesmo dos exames serem realizados, Deus falou conosco de uma forma incrível e muito específica, mostrando que nada sai de Seu controle e que se importa muito com corações aflitos. No dia 20 de novembro, quando a pequena Isa estava com apenas 5 dias, fizemos um pequeno culto familiar. Pedi para o Danilo buscar um devocionário. Achei que ele buscaria os de cabeceira, mas ele veio com um antigo que ele tinha ganhado da minha irmã Daniele no Natal de 2008. Até achei graça de ele vir com aquele livro. “Onde ele achou”? Este devocionário tem como tema o esporte em suas meditações diárias e quando começamos a ler, não conseguimos acreditar e nossos olhos logo marejaram. O texto falava sobre um jogador muito famoso, um dos melhores do mundo em 1970, chamado Santillana. Ele sofreu uma grave lesão em campo e durante exames verificou-se que tinha apenas um rim útil! E continuou jogando como se nada houvesse! A meditação falava ainda sobre “quando somos fracos, é que somos fortes”, conforme 2 Coríntios 12:10. Inexplicável, não é mesmo? Aceitamos com muita gratidão esta palavra. Para o Danilo aliviou até mesmo o receio de que ela não pudesse praticar esportes.
Um milagre
Semanas depois, com o resultado daqueles exames “chatos” em mãos, voltamos na Dra Raquel. Para nosso espanto, o rim não era malformado. Ele era inexistente. E neste caso, uma grande bênção, pois evitaria a necessidade de uma cirurgia de retirada de um órgão que não faz sua função e pode comprometer o organismo. Nem sinal. Um milagre! E para alegria total, o rim esquerdo é normal e saudável.
Assim, a orientação é de vida normal para Isabela. A Dra Raquel deverá nos acompanhar por um bom tempo, no início a cada semestre, depois anualmente, aumentando gradativamente o tempo de retorno. As preocupações se dissiparam e nos enchemos de gratidão pelo cuidado e fidelidade de Deus. E a certeza de que Deus ama nossos filhos até mesmo mais do que nós, pais!
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