Chegamos a um ano. Sim, doces e inesgotáveis dias, que hoje parecem ter passado numa velocidade incrível.
Algumas semanas atrás, comecei a recolher ideias para comemorar o primeiro ano do Judá. Abri o Pinterest, absorvi ideias, fiz planos. O planejado era fazer algo simples, só com a família, e eu passaria a semana realizando os detalhes para um café da tarde bem generoso. Tudo parecia estar organizado, até que, a semana do aniversário chegou.
Na terça-feira tivemos consulta com o pediatra, o menino estava ótimo. Saímos de lá com os elogios de como ele estava bem. Duas horas depois, o nariz do meu filho começou a escorrer; nariz trancado, febre a noite, e a semana de preparativos se tornou uma semana de cuidados, noites mal dormidas e bastante cansaço.
Pra piorar, no meio do caminho, percebemos que a cantata da igreja foi marcada para o mesmo dia do aniversário - meu marido é o pastor, bora elaborar um plano "B". O café da tarde virou almoço e, no fim, todo o pequeno ideal da festinha tinha ido para as “cucuias”, e isso me deixou bastante frustrada.
Chegamos na sexta-feira, saí pela manhã para comprar o que precisava. Exausta, preocupada com a saúde do bebê e frustrada no meu planejamento todo remendado. Só uma coisa me vinha à cabeça: “Acho que Deus quer me ensinar algo”.
“Poxa Deus, 365 dias me ensinando algo, mudança atrás de mudança. Pensei que no aniversário do primeiro ano do meu filho eu sairia ilesa.”
Comecei os lamentos: desde os filmes que não assisti até as louças que lavei em etapas, da casa que nunca para arrumada, da raiz do meu cabelo que vive por fazer e blá, blá, blá...
Realmente, parece que não aprendi tudo o que deveria, se minha boca fala do que está cheio o meu coração, parece que tenho bastante o que melhorar.
Minha cara leitora, tinha planos de me despedir com um texto que pudesse falar profundamente a sua alma, há coisas demais nesse momento, e tudo que posso te dizer é: aproveite a renúncia!
Renúncia é o barco que leva a maternidade pelo mar da vida. Renunciar planos, projetos pessoais, ideais, estéticas, romantismos; renunciar a si mesma é a coisa mais difícil desse processo. Se alguém deseja maternar sem abandonar nada, não entendeu esse lugar, porque não se pode ter tudo, cabe a nós escolhermos o que iremos perder e queira Deus que não sejam nossos filhos.
Uma poetiza chamada Helena Kolody, certa vez escreveu:
“A todo momento, uma encruzilhada
Livremente preferimos um caminho entre os possíveis.
A escolha é vitória coroada de renúncia.”
Nossa renúncia de cada dia não é apenas uma vitória pessoal, é parte da busca por sermos mais parecidas com Cristo. O apóstolo Paulo era “o cara” da sua época. Equivalendo ao nosso tempo, poderíamos dizer que Paulo era concursado, um juiz, um procurador, poliglota, de família influente, mas que conseguiu seu espaço dando duro, e além de ser escritor, tinha influência e poder nas mãos. Daí ele olha tudo isso e diz: “Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo”. (Filipenses 3:8)
É disso que se trata, minha cara irmã e amiga, mentiram quando nos disseram que poderíamos ter tudo, e ser tudo que quiséssemos. Temos uma fé que nos chama à renúncia, nossa maternidade não seria diferente. Mas é preciso aproveitar a renúncia, e nela procurar os tesouros escondidos, que serão aos poucos guardados em nosso coração, nos fazendo cada vez mais parecidas com Cristo, ao ponto que nossa boca fale aos quatro cantos da vitória que é renunciar.
“Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo.
Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo”. (Filipenses 3:7-8)
Comments