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Writer's pictureLorena Amorim

6 Formas de Alcançar Harmonia à Mesa


Como a maioria das mães, eu também passei pela angústia de ver meu filho recusando diversas refeições. Senti-me muito perdida quando ainda na introdução alimentar, o caçula não abria a boquinha para absolutamente nenhum alimento, por meses seguidos. A culpa batia forte no coração dessa mãe graduada em Nutrição que, ironicamente, não sabia por onde seguir, e por isso recorreu algumas vezes à pressão, à punição e até mesmo a deixar o bebê com fome!


Um passo muito importante para dar início às minhas mudanças de conduta, foi reconhecer que – apesar da minha formação e daquela intenção que toda mãe tem por fazer o melhor – ainda havia muito a aprender. (pausa aqui para recomendar o episódio 68 do MPG, porque dizer “eu não sei” é libertador!) E então a graça do Senhor me alcançou a tempo de me abrir para aprendizados importantes sobre o desenvolvimento infantil e construir uma linda história na educação alimentar dos meus filhos. Hoje estou aqui para dizer que essa graça e conhecimento estão disponíveis para você também!


O orgulho só traz conflitos, mas os que aceitam conselhos são sábios. Provérbios 13:10


Fazer refeições em família é o conselho que sempre coloquei em primeiro lugar dentre tudo o que considero imprescindível para que uma criança aprenda a comer. Mas atenção! Não dê lugar a uma possível expectativa de que a criança, com dificuldades alimentares ou não, comece a comer algo pelo simples fato de ver seus pais comendo. A criança precisa perceber o quanto sua família valoriza estar à mesa! E isso está longe de ter relação apenas com uma mesa posta ou decoração especial de tempos em tempos.


Para conseguirmos demonstrar isso, precisamos considerar orientações importantes:


1 – Mantenha a serenidade


Em cada situação desafiadora à mesa, precisamos nos manter tranquilas. O que implica não brigar, não ameaçar e não prometer recompensas. Essas atitudes obrigam a criança a comer, o que pode gerar associações negativas com a alimentação, correndo o risco de impactar sua relação com a comida na vida adulta!


Mas o Espírito produz este fruto: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Gálatas 5:22-23


2 – Promova e permita as experiências com os alimentos


Antes do comer propriamente dito, experimentar um alimento pode se dar no fato de a criança apenas tolerar o mesmo, interagir com ele, cheirar, tocar, ou simplesmente dar uma provadinha. E você pode comemorar com sua criança a cada vez que a vir avançar por um desses degraus! Tocar os alimentos com as mãos pode ser uma experiência necessária a algumas crianças até mesmo por alguns anos. Isso faz com que ela tenha mais segurança e menos resistência com as diversas texturas. Então, não reclame pela “bagunça” e não tenha ansiedade pelo uso dos talheres o tempo todo. Tenha em mente que seu filho ou filha está aprendendo e se desenvolvendo a seu tempo. Capriche nos elogios sobre os alimentos – quanto ao seu aspecto ou sabor – e incentive sua criança a fazer suas próprias observações também!


Assim como os ouvidos julgam o valor das palavras, o paladar prova os alimentos. Jó 34:3


3 – Estimule um ambiente agradável, regado a brincadeiras e bom humor


Brincar é a linguagem de vida da criança. É o que a torna segura diante do que lhe é oferecido. Não é interessante levar brinquedos para a mesa, e menos ainda, quaisquer telas. Mas um ursinho ou boneca podem ficar por perto para “assistir ou participar” da refeição, com o cuidado de não se tornarem distrações. Proponha brincadeiras espontâneas que não tirem o foco da comida. Conte histórias envolventes que tenham os alimentos do seu prato como personagens!


Não siga sua criança pela casa, oferecendo comida na boca para tentar garantir que ela se alimente. Repita de forma agradável, quantas vezes foram necessárias: “na nossa casa, nós comemos sentados”; ou “como eu aprecio esse momento em que podemos olhar nos olhos uns dos outros enquanto estamos sentados!”. A refeição pode ficar divertida mesmo fora da mesa de jantar, propondo um picnic na varanda ou um faz de conta de lanchonete no balcão da cozinha. Mas o combinado de permanecer sentado até terminar de comer, evita muitas tensões.


Estejam sempre alegres. I Tessalonicenses 5:16


4 – Não providencie substituições


O cardápio planejado deve ser servido para toda a família, sem categorizar “comida de adulto” e “comida da criança”. Quando seu filho nega a comida disponível e você providencia uma substituição, está legitimando a ideia de que aquele alimento é desnecessário ou ruim. Sirva apenas uma pequena quantidade do que costuma recusar e garanta que tenha algo que certamente será aceito. Dê a possibilidade de deixar no prato os itens que ela não quer comer no momento. Lembre-se de que a interação já é suficiente para gerar uma abertura para aceitação em outra oportunidade.


Quando negar a refeição por completo, comunique que haverá outra oportunidade de comer o mesmo em meia hora. Caso peça o lanche mais cedo porque não almoçou ou jantou o suficiente, apenas não o faça imediatamente após aquela refeição de modo que configure uma substituição. Assim ela compreenderá a diferença entre as refeições, dando a devida importância a cada uma.


E todos comeram de uma mesma comida, e beberam todos de uma mesma bebida. I Coríntios 10:3


5 – Preze por uma rotina alimentar equilibrada


Além de determinar alguma frequência em comer juntos, outros ajustes na dinâmica familiar podem ser necessários, como diminuir o acesso às guloseimas e lanches industrializados, e estabelecer horários aproximados para as refeições acontecerem. Porções exageradas de guloseimas, mesmo em horário de lanche, podem atrapalhar as refeições principais. O paladar se adapta aos produtos ultraprocessados que costumam ser muito disponíveis, e estes se tornam cada vez mais desejáveis.

A ausência de uma rotina equilibrada é responsável por muitos desafios.


“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.” Eclesiastes 3:1


6 – Expresse gratidão


Em nossa casa, seguimos os exemplos bíblicos de pessoas que deram graças pelo alimento, reconhecendo que toda provisão vem de Deus. Antes das refeições, agradecemos por não faltar comida à nossa mesa, pelas condições de ajudarmos a quem tem falta, pela pessoa querida que preparou a refeição, pela família reunida… E poderíamos seguir listando tantos motivos para agradecer à mesa! Não quero dizer que esse hábito definitivamente fará seu filho comer! Isso não elimina a necessidade de nos atentarmos a tudo que descrevi anteriormente. Mas, sem dúvidas, ele vai impactar o ambiente e os corações. É um caminho mais excelente do que dar lugar à impaciência, às tensões, ou tentar a via do constrangimento pelo argumento de que “existem muitas crianças que não tem o que comer”.


Onde há gratidão, dificilmente sobra espaço para reclamação ou insatisfação. Simplesmente porque a gratidão nos faz valorizar o que está diante de nós. Com expressões de gratidão, você conduzirá seu filho na percepção de que o momento da refeição pode ser agradável e que o seu pratinho tem muito valor, já que Deus criou tantos alimentos de maneira especial para conhecermos e desfrutarmos!


Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com ação de graças. 1Timóteo 4:4


Como a educação alimentar acontece por meio de um relacionamento, precisamos considerar que existem papéis a serem exercidos com responsabilidade e respeito. O papel do pai ou da mãe é decidir o que será servido, quando e onde será oferecido. É o adulto quem pode e deve se preocupar com o ambiente ideal, com as palavras e emoções envolvidas no momento. Já o papel da criança é decidir o quê e quanto comerá do que lhe foi oferecido. É quem pode avaliar se os alimentos lhe são familiares/toleráveis, e se está segura e confortável no ambiente.


Eu compreendo que para algumas mães tudo isso pode ser muita novidade e algo difícil de lidar porque em geral queremos estar no controle… Somos tentadas a acreditar que se trata de um dever materno garantir que a criança esteja ingerindo a quantidade ideal de comida para sobreviver e ser saudável. Mas precisamos urgentemente abrir mão do controle e confiar que Deus nos capacita a fazer apenas o que cabe a nós ser feito.


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